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FORMAÇÃO DO JORNALISTA: O QUE AINDA FALTA?

  • Foto do escritor: Ana Paula Brunatti
    Ana Paula Brunatti
  • 10 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 12 de mai.

Como a implementação da Libras como disciplina obrigatória pode promover a valorização cultural


A falta de comunicadores em Libras é excludente
A falta de comunicadores em Libras é excludente

A língua brasileira de sinais (libras), é uma das formas de comunicação para pessoas surdas no Brasil. Sendo parcela significativa da população, o jornalista não possui preparo efetivo para entrevista e abordagem de tais cidadãos, em virtude da falta de obrigatoriedade de tal disciplina nas universidades, onde existe a exclusão deste grupo de pessoas enquanto estrangeiros são entrevistados com facilidade, pois existe a cobrança por parte das mídias pela fluência em outros idiomas.


Nos últimos anos, o sistema de ensino superior brasileiro passou por mudanças significativas, no quesito de formação e valorização de certas habilidades no profissional. Em entrevista com a coordenadora do curso de jornalismo na faculdade Paulus de Comunicação e Tecnologia, na grande São Paulo, Rita Donato, ao ser questionada a respeito das mudanças vistas desde sua formação até hoje, pontua que certos assuntos foram colocados como prioridade, sendo a transição do jornal físico para o televisivo um dos maiores entraves para os bacharéis da época, além de temas como acessibilidade não serem pautados dentro da instituição e entre os alunos.

No sentido de um curso inclusivo, para a formação do profissional da comunicação, existe a valorização da ética jornalística e do senso de justiça pelos jovens da instituição onde Rita trabalha, sendo esses pilares fundamentais para alcançar a acessibilidade de maneira efetiva. Tanto que, o diferencial da instituição aparece quando as tecnologias assistivas dentro da faculdade são implementadas devido a responsabilidade do corpo docente com o aprendizado efetivo de todo e qualquer aluno, independente de ter alguma deficiente física ou cognitiva, reflete a coordenadora:

“Mas, na verdade, ele transborda a questão da obrigatoriedade e caminha para uma responsabilidade mesmo, sabe?”

Além disso, os cursos de comunicação possuem responsabilidade social no sentido de principais transmissores da mensagem, quando a informação é direito básico no Brasil. Entretanto, a notícia não pode ser recebida de maneira efetiva por todos, quando uma grande parcela populacional é invisibilizados por não serem oralizados na língua portuguesa, que são as pessoas surdas, ou seja cerca de 2,7 milhões de brasileiros (IBGE). Nesse sentido, para solucionar essa necessidade, é preciso profissionais qualificados e preparados para a comunicação em Libras, mas os principais veículos de comunicação não se mostram interessados em promover a acessibilidade: 

“Mas a gente precisa de um movimento que indique isso também. E o que o mercado me sinaliza hoje? Que o mercado na iniciativa privada, na área da comunicação não se interessa por isso.”

Neste sentido, o sentimento de responsabilidade social ensinado durante a formação, se dissolve ao entrar no mercado de trabalho, com instituições que não priorizam profissionais preparados para comunicação com todo e qualquer cidadão brasileiro. Entretanto, existe forte influência na contratação de comunicadores que possuem fluência em línguas estrangeiras, principalmente com a língua inglesa, enquanto uma linguagem reconhecida nacionalmente não é exigida. Isso reflete uma valorização na cultura ocidental e perda do nacionalismo dentro da mídia, com a seguinte visão da coordenadora: 

“É uma questão cultural. Parece que o mercado não está muito interessado nisso. E quem determina é o mercado.”

Portanto, o processo de adequação da grade curricular para pleno acesso à informação, envolve todas as instituições de ensino unidas neste mesmo propósito e mesmos pilares éticos, com um longo caminho a ser trilhado, aonde Rita reforça que para tal mudança, é preciso gerar conscientização em todos os formandos sobre a importância da Libras em sua profissão: 

“A gente precisa evoluir alguns anos ainda para aceitar que precisa valorizar a Libras (...) Não é ter libras por ter libras. É realmente dizer assim, eu fiz um curso e eu saí com essa consciência. Eu sou capaz de me comunicar em Libras”. 

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